Os deputados Padre Ton² e Sarney Filho³ participaram de uma conversa com os mestrandos em sustentabilidade e indigenismo da UnB.
Padre Ton criticou o fato de não haver parlamentares indígenas “pois
negros já temos, faltam indígenas como o Juruna”.
Ele, que é integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Fedral, se
dispôs a ajudar na execução de uma audiência pública que trate
dos casos mais dramáticos da questão indígena no Brasil, como os
Xavante de Marãiwatsédé, os Guarani do Mato Grosso do Sul,
e os Tupinambá e Pataxó do Sul da Bahia.
O
deputado Sarney Filho esteve presente a um café-da-manhã em nosso
curso e falou a respeito do funcionamento do processo legislativo no
Brasil. Ele que é filho do ex-presidente da República e atual
presidente do Senado, José Sarney, discursou sobre a revisão do
Código Florestal, criticando o processo como está sendo conduzido
pelo governo.
Quanto a
reforma política, Sarney Filho não se prolongou no tema, e se
restringiu a dizer que “como os atuais deputados foram eleitos com
essas regras, dificilmente vão mudá-las”, isso em relação ao
financiamento público de campanha.
Narrou
um pouco de sua trajetória política, desde os tempos de estudante
na UnB. Filiou-se ao ARENA e elegeu-se deputado estadual pelo
Maranhão na década de 1970. Com o fim deste partido integrou o PDS,
depois PFL. No início do governo Lula filiou-se ao PV, onde está
até hoje.
Na
ocasião de sua apresentação no CDS (Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB) se prontificou a conduzir uma
audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos
Deputados, que tenha como pauta a questão da Terra Indígena de
Marãiwatsédé, e outras terras com conflitos graves. Esta
audiência seria conjunta com a Comissão de Direitos Humanos, onde o
deputado Padre Ton (PT-RO) faria a articulação.
A
oportunidade de termos dois parlamentares em nosso
curso foi algo excepcional. Não imaginava que fosse possível. Já
tive a oportunidade de ver Marina Silva no CDS, e diversas
personalidades políticas brasileiras, como o senador Cristovam
Buarque, que também leciona na unidade. Mas a presença dos dois
deputados foi algo tão marcante quanto estes.
O
pragmatismo com que conduziram a conversa, trazendo não apenas
problemas que afligem o quadro político atual, mas sim
possibilitando soluções. A audiência pública marcada pelos
parlamentares realmente ocorreu no mês seguinte, em maio. E serviu
de grande ajuda na consolidação da conquista dos Xavante, cuja
terra já está sendo alvo de desintrusão pela FUNAI para dar posse
definitiva aos indígenas.
A imagem
que eu tinha dos parlamentares era outra. Padre Ton eu desconhecia
sua atuação, tinha apenas informações superficiais, mas sei que é
um dos parlamentares de maior atividade na causa indígena e
indigenista.
Quanto
ao “Zequinha Sarney”, eu já o conhecia, pois fui militante do
Partido Verde, mas nunca o admirei, pois pertence a umas das famílias
mais conservadoras do país, verdadeiros “coronéis” no Maranhão.
No entanto, deu para notar que o nobre parlamentar é uma ovelha
negra, tem uma causa mais humanitária, e é um dos mais fortes
porta-vozes do ambientalismo brasileiro no Congresso.
Minhas
expectativas é que nós possamos estar cada vez mais próximos de
parlamentares como estes, e que nossos representantes estejam
dispostos a fazer valer a sua função: que é representar os
interesses reais de todos os grupos sociais, incluindo seriamente a
causa indígena e ambiental na agenda política do Estado brasileiro.
__________
¹ Tema de aula na disciplina "Questões Indigenistas na Contemporaneidade", 1º semestre de 2012. Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a povos e terras indígenas, Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), Universidade de Brasília (UnB).
² Padre Ton, Deputado Federal pelo PT-RO, integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados;
³ José Sarney Filho, Deputado Federal pelo PV-MA, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Ex-Ministro do Meio Ambiente.
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