Refúgio Biocultural e Redução Desnaturada

Mapeamento da Desterritorialização de Povos Indígenas no Leste e Sudeste do Brasil (1500-2024) 


Tese a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do grau de doutor em Ciências, modalidade Geografia, área Geografia Física.


Autor: Rodrigo Martins dos Santos (geógrafo, mestre em sustentabilidade junto a povos e territórios indígenas).


Título: Refúgio Biocultural e Redução Desnaturada: mapeamento da desterritorialização de povos indígenas no leste e sudeste do Brasil (1500-2024)


Palavras-Chave: Antropogeografia. Paisagem Biocultural. Biogeografia Cultural. Geografia Socioambiental. Diversidade Biocultural



Modelo de evolução dos Refúgios Bioculturais e da Redução Desnaturada.




RESUMO EM PORTUGUÊS

Esta pesquisa doutoral almejou elucidar as inter-relações entre a redução da biodiversidade e da diversidade cultural, especificamente abordando a noção de diversidade biocultural, conforme delineada por Maffi (2001) e Clark (2002). O escopo geográfico da investigação englobou os estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo. A pesquisa concentrou-se em questões centrais, tais como a identificação e mapeamento do dinamismo espacial (emergência, resistência, fragmentação e extinção) dessa diversidade biocultural, bem como a delimitação de redutos e refúgios dessa diversidade na região leste e sudeste do Brasil. O intuito primordial consistiu em compreender a relação espacial entre biodiversidade e diversidade cultural, com objetivos específicos que incluíram a adaptação das categorias de reduto e refúgio para estudos bioculturais, a explicação do dinamismo espacial desses redutos e refúgios, e a apresentação de linguagens cartográficas para comunicar tal dinamismo. A pesquisa buscou contribuir para o entendimento da geografia biocultural neotropical, sobretudo através da cartografia, com foco nas nações indígenas e outros grupos bioculturalmente estabelecidos, como os quilombolas e comunidades tradicionais. A hipótese central sustentou a possibilidade de mapear o dinamismo espacial da diversidade biocultural mediante a identificação de redutos e refúgios. A pesquisa adotou uma abordagem epistemológica holística, visando transcender as barreiras da segmentação e especialização nas áreas científicas, conforme proposto por Morin (2003). A metodologia central empregada foi a Antropogeografia, uma perspectiva ambientalista e indigenista proposta por Ratzel (1909; 1912) e aprimorada pelos princípios críticos de Raffestin (1993), complementada por contribuições de outras escolas, como a Geografia Cultural (Sauer, 1925) e a Cartografia Sistêmica (Lacoste, 1988). As conclusões destacaram a ameaça secular à diversidade biocultural devido à redução desenfreada, um processo impulsionado pelos núcleos desnaturados introduzidos pelos primeiros invasores europeus. Os mapas apresentados na tese fornecem informações sintetizadas e ilustram não apenas a relação entre cultura e biodiversidade, mas também a expansão de seus núcleos. Além dos cartogramas, a tese propõe mapas dos territórios originários das diversas famílias etnolinguísticas que habitavam a região antes das invasões europeias e os relaciona com a biodiversidade mais característica. Em última análise, esta pesquisa e seus mapas têm o potencial de aprofundar o entendimento da diversidade de formas e modos de vida no Brasil, assim como promover sua conservação e empoderamento.


ARQUIVOS COM A TESE

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A pesquisa encontra-se na fase de defesa, prevista para o segundo semestre de 2024.
Será disponibilizada nesta página quando aprovada pela banca.