Capitalismo e Crise Mundial

Omar Aktouf¹, professor de Economia e Administração da Universidade de Montreal (Canadá), afirma que a queda da hegemonia estadunidense está em pleno andamento. Diz que EUA não são mais um país capitalista, mas um tipo de capitalismo de Estado, semelhante ao propósito comunista de participação nos meios de produção. Empresas como GM possui administração mista: governo + sindicatos + acionistas. O país perdeu a vantagem competitiva de outrora. As economias globais devem abandonar o antigo paradigma de valorizar o que vem dos EUA, seja em benefício do comércio global, seja em benefício do próprio meio ambiente.

Cursos consagrados de economia fecham suas portas para “repensarem” o sistema global, incluindo novos fatores como pobreza e ecologia. Desejam entender estes processos, sua influência nos mercados, nas crises, e como superá-las. “Sinicamente, pretendem, enfim, abordar a ética!” (sic) Não usando esse diploma para enriquecimento a partir da desgraça alheia, do ilícito, dos danos à natureza e a sociedade.

Aristóteles já alertava o perigo do papel moeda, prognosticava que a OIKOS-NOMIA (lei/regra da casa) seria substituída pela KREMA-TÍSTICA (dinheiro acumulado): dizia que o benefício trazido pela moeda, evitando o transporte de mercadorias para efetuar o escambo, traria a ilusão de que a acumulação do dinheiro seria infinita, dando margem ao surgimento da especulação (produção de dinheiro a partir de dinheiro - juros). Ninguém pensava em acumular mercadorias, mas dinheiro sim. A bolsa é o templo da Krematística, onde o único objetivo é acumular mais dinheiro.

IDEOLOGIA NEOLIBERAL = LUCRO. Mas como conseguir lucro se a torta não cresce? Retira-se do outro ou da natureza e procura-se eliminar as intervenções do Estado, privatizando tudo que for possível. O FMI tinha como receita aos países endividados: vender as empresas públicas para grupos multinacionais, conseqüência = expropriação da renda do país por estrangeiros.

CASO ARGENTINA: Foi totalmente vendida no final do século XX. Por isso as crises do início do XXI. Kirshner institui medidas que evitaram o aumento da especulação (bancos) e valorizou o investimento em produção, regrou a saída de capital para no mínimo um ano com consulta aos Ministérios da Fazenda, Desenvolvimento Social e Meio Ambiente, no intuito de assegurar que não trouxe (ou trará) danos à economia, a justiça social e ao meio ambiente.

CASO MÉXICO: quase 1,5 milhões de pequenas lojas quebraram e 13 ricos acumularam fortuna equivalente a 72% das reservas internacionais do país. Chegou-se ao ponto de importar tortilhas dos EUA, um dos pratos mais típicos e tradicionais do México, devido ao custo do milho mexicano!!

CRISE MUNDIAL: Crise nos EUA, não mundial! Provocada por ladrões financeiros, traficantes de falsos títulos e hipotecas. Existe um neo-feudalismo nos EUA: Cerca de 200 famílias controlam 90% da economia, freqüentam as mesmas universidades e se reproduzem entre si. Poder corporativo-financeiro obriga a falsas soluções. Solução dada pelo G-20: Evitar evasão de divisas para paraísos fiscais e controlar o capitalismo pelo Estado.

Aktouf, por fim, sugere que a solução para esta crise está nas leis da Biologia: Quando há crescimento de uma população X, seu predador Y também cresce, e passa a comer mais. Até que aquela população X diminui, conseqüentemente diminuindo o número dos predadores Y, dando novamente condições para que a população X cresça. Assim, é necessária a busca desse equilíbrio entre CAPITAL – TRABALHO – NATUREZA, pois não é possível manter o crescimento econômico se os recursos naturais não crescem. Então o lucro se dá com desemprego, poluição e depredação. Para isso, é necessário romper com o modelo estadunidense (lucro acima de tudo) e aprender com outros modelos (Alemanha, Japão, China, Escandinávia [e Brasil]) para encontrar as soluções.

A seguir, tabela que resume as fases do capitalismo, conforme análise de Omar Aktouf:

FASES DO CAPITALISMO

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¹AKTOUF, Omar. [palestra] 26 maio 2010, Brasília (Seminários Interdisciplinares, Programa de Pós-Graduação do Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília). A Evolução do Capitalismo Financeiro e uma Análise Alternativa da Crise Mundial. 
 

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