Povos do Planalto Central e adjacências nos séculos XVII, XVIII e XIX


Resumo
O artigo localiza povos indígenas que habitavam o Planalto Central e regiões adjacentes nos séculos  XVII, XVIII e XIX. São utilizados como fonte o mapa etnohistórico de Curt Nimuendaju e o etnolinguístico de Čestmír Loukotka. Também é realizado um mapeamento inédito da localização de etnias constantes nos históricos municipais do banco de dados IBGE cidades. São ilustradas, por meio de mapas temporais as sucessivas ocupações indígenas da região em intervalos de 50 em 50 anos, desde o ano de 1700 até o ano de 1900. As conclusões são de que houve, pelo menos, 200 etnias no Planalto Central e adjacências.

Palavras-Chave: Etnogeografia; Cartografia Indígena; Índios; Brasil Central.


Introdução

O primeiro estudo relevante preocupado em mapear a localização dos povos indígenas no Brasil é devido a Carl Martius (1867a). O referido autor agrupou todas as famílias linguísticas indígenas brasileiras que se tinha notícia. Foi a primeira vez que se usou o termo “Gê” para se denominar a família linguística atualmente chamada no Brasil de Jê, sua escolha baseou-se no fato de que grande parte dos povos falantes das línguas dessa família utilizam o termo Gê para se autodenominar, como Apinagez, Crangez (Senna, 1908:14), dentre outros como, Kempokatagê, Piocobjê, Kemkatejé, Kanakatejé, Krengez etc.

A família linguística Jê abrange a maioria dos povos que vivem (e viveram) nos cerrados goianos, mineiros, baianos, maranhenses e piauienses, chamados no presente artigo de Gerais do Planalto Central, na época das invasões luso-brasileiras. Além deles, alguns tupis, kariris, pimenteiras dentre outros, também estiveram presentes de alguma forma (Santos, 2013).


Mapa Etno-linguístico do Planalto Central e adjacências - por volta do ano de 1700 d.C.
Mapa Etno-linguístico do Planalto Central do Brasil e adjacências - por volta do ano de 1700 d.C.

Conclusão

O presente artigo procurou apresentar por meio de mapas e quadros a multietnicidade que existiu no Planalto Central e adjacências. Ao total foram identificados 200 povos na região, destes, 112 já constavam no mapa de Nimuendaju. Dos 88 adicionados, 61 foram identificados no mapa de Loukotka, 22 nos históricos municipais do IBGE, e 5 em ambas fontes. 

Ao total foram 509 locais onde situavam estas etnias, apresentados nos mapas finais, sendo que 208 já constavam no mapa de Nimuendaju. Os 301 novos locais foram extraídos da seguinte forma: 154 no de Loukotka, 139 nos históricos municipais e 8 em cartografia histórica.

Atualmente os poucos povos indígenas do Cerrado estão encurralados nos pequenos fragmentos do bioma que ainda restam. Com o avanço da monocultura sobre essas áreas, certamente eles desaparecerão, e com eles, um conhecimento que vêm de mais de 10.000 anos sobre essa porção do planeta Terra. Para evitar isso é necessário estratégias de resgate e valorização do patrimônio cultural e natural do Cerrado, criando áreas protegidas e fomentando projetos de valorização etno-ambiental, incluindo aí os povos indígenas como fontes de informação e como agentes nessa conservação.

A educação da nossa sociedade é fundamental para se reverter esse processo. É preciso que nossas crianças saibam do passado incidido sob o território de suas atuais moradas. Povos sofreram para que a nossa sociedade nacional pudessem ter e ser o que é hoje. É parte de nossa identidade esse nosso passado. Os erros foram nossos e, portanto, temos que corrigi-los.

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Artigo publicado nos anais do 2.º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica, organizado pelo Centro de Referência em Cartografia Histórica da Universidade Federal de Minas Gerais; e que ocorreu na cidade de Tiradentes-MG, em 2014.

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2 comentários:

  1. Bem interessante, Rodrigo. Pesquiso os Kamayurá no Alto Xingú. Se tiver algo sobre essas migrações referentes àquelas etnias, mas sob essa análise sua que achei interessantíssima, agradeceria e, claro, citaria como referência em meu trabalho.

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    1. Caro Leandro,
      Que bom que gostaste!

      Sobre sua solicitação, eu usei em minha pesquisa de mestrado o seguinte material que trata da família Tupi como um todo. É bem interessante.

      CORRÊA-DA-SILVA, Beatriz Carretta.
      _____. 2010b. Mawé/Awetí/Tupí-Guaraní: Relações Linguísticas e Implicações Históricas. Tese de doutorado em Linguística. Brasília: UnB.
      _____. 2010a. Etnolinguística e etno-história Tupí: Desfragmentando o olhar. In. Rev. de Estudos da Linguagem, v. 18, n.1, p. 61-86. Belo Horizonte: UFMG. Disponível em acesso em 27 Nov. 2012.

      Tem ainda a tese de doutorado de Corrêa, Ângelo Alves. 2014. Pindorama de mboî e îakaré : continuidade e mudança na trajetória das populações Tupi.

      A respeito específico dos Kamayurá, ainda não tive acesso. Mas acredito que vc pode encontrar algo consultando os catalogos das universidades, especialmente UnB, USP, UFRJ (Museu Nacional), UFMT e UFPA, além do Museu Emílio Goeldi.

      Boa sorte!

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