Como conciliar nossas necessidades de desenvolvimento com a sustentabilidade da vida no Planeta? Para garantir a sustentabilidade da vida nós devemos, principalmente, rever nosso padrão de consumo, pois caso haja um crescimento do número de consumidores nos moldes da população economicamente ativa dos países (principalmente os de economia forte), não teremos planeta suficiente para suprir a demanda por matéria prima, energia ou alimentos.
Crescimento econômico, este é um dogma que temos nas sociedades atuais, e que é medido apenas através do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a chamada “riqueza de um país” é apenas o que ela produz e coloca no mercado para comercializar, ou melhor, a produção de mercadorias. Assim, a política dos países coloca como prioridade a intensificação e ampliação de mecanismos de crescimento econômico.
Isto acabou por criar sociedades consumistas, onde o bem-estar está vinculado a produção e circulação de mercadorias, o que requer um uso exagerado dos recursos naturais, além da capacidade que o planeta tem de oferecer tais recursos.
Toda a mercadoria é formada por materiais advindos da natureza, além disto, para que seja possível a transformação da natureza em produtos, é necessária a utilização de energia. Assim, quanto maior a quantidade de mercadorias produzidas, maior será a quantidade de produção energética que também provém da natureza. A circulação dessa mercadoria também consome mais materiais e energia. Além do mais, caso toda a população global tenha um padrão de alimentação semelhante ao realizado pelas sociedade consumistas, não teremos alimentos para todos.
Mas então, o que fazer? Manter uma classe privilegiada consumidora de mercadorias, e conseqüentemente, de recursos naturais, energia e alimentos acima da grande maioria da população global?
Algumas organizações ambientalistas dispõem na rede internacional de computadores metodologias que calculam a pegada ecológica¹ ou rastro que cada indivíduo deixa no planeta de acordo com seu estilo de vida. Estas organizações apontam que para o padrão de consumo atual da classe média brasileira (quatro integrantes na família com veículo e casa próprios), necessitaria de pelos menos, dois planetas, caso toda a população global possuísse o mesmo perfil de consumo de água, alimentos, energia, transporte e mercadorias.
Assim, uma das medidas apontadas por educadores ambientais, é a adoção de práticas simples, como a Redução, Reutilização e Reciclagem de produtos: o chamado “3R’s”. Para isto é necessário repensar e assumir novas formas de consumo, escolhendo melhor as mercadorias que utilizam menos embalagem, que são mais eficientes energeticamente, que respeitam as regras ambientais no processo produtivo, etc.
Outra medida que pode ser adotada pelos países, é o chamado “decrescimento econômico”, ou “decrescimento feliz”, que consiste em utilizar como medida de uma sociedade economicamente forte não o “PIB”, ou seja, mercadorias produzidas e comercializadas, mas sim o “bem”, que consiste em tudo que um cidadão necessita para viver feliz, independentemente se foi comprado ou produzido por sigo mesmo. Assim, a produção de subsistência, um objeto manufaturado e utilizado pelo próprio produtor também devem ser contabilizados numa economia, e mais ainda, devem ser incentivados pelo Estado, pois isto permite uma redução da utilização de recursos naturais, sejam eles na produção industrial, alimentos, transporte ou energia. Para isto é necessário uma mudança do paradigma econômico de crescimento do comércio.
Maurizio Pallante pensador e ativista italiano, diz que “Se formos capazes de colher toda a riqueza de uma relação correcta com o território, com os seus recursos, ligados a modos tradicionais de produção, nossos e vossos, podemos ter um futuro melhor, nós e vós, saindo da miséria, não porque acumulamos o máximo de dinheiro possível, mas porque conseguimos ter tudo o que nos serve para viver, sem restrições, mas também sem desperdício. Com grande respeito pelo lugar onde vivemos, com grande respeito entre nós, nas relações inter-pessoais, e com grande respeito por nós mesmos. Porque o sentido da vida não é acumular o máximo de coisas possível, mas ter relações serenas com os outros e com o lugar onde se vive”².
Assim, tanto a primeira medida, os “3R’s”, como “decrescimento feliz”, para serem finalmente aplicados, devem ser aceitos e absorvidos pelas sociedades, através da educação, protegidos por regras de Estado (Leis) que privilegiam tais opções.
No entanto, antes de qualquer medida a ser tomada é necessário pensar: quem serão as gerações futuras? Se continuarmos com grupos sociais ou países privilegiados, consumindo mais do que é possível para todos vivermos, não teremos planeta suficiente. Pois “A contradição entre o interesse individual e o interesse da comunidade é tão-somente uma das diferenças que geram comportamentos diferentes com respeito ao meio ambiente e que deram lugar à polêmica sobre a ‘Tragédia dos bens coletivos'. A moderna tecnologia, ou a ideologia produtivista que a expressa, é comumente identificada como a causa humana da atual crise ambiental. Entretanto, trata-se das manifestações mais aparentes de uma essência não tão visível, as relações sociais”³.
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¹ WWF. Qual é o tamanho da sua pegada? Em 12/12/09-19:32
² CARINI, Mário. Carta de Pallante a um amigo africano – o que é decrescimento feliz. Em 12/12/09-22:02
³ FOLADORI, Guillermo. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas-SP: EdUNICAMP, 2001.
Crescimento econômico, este é um dogma que temos nas sociedades atuais, e que é medido apenas através do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a chamada “riqueza de um país” é apenas o que ela produz e coloca no mercado para comercializar, ou melhor, a produção de mercadorias. Assim, a política dos países coloca como prioridade a intensificação e ampliação de mecanismos de crescimento econômico.
Isto acabou por criar sociedades consumistas, onde o bem-estar está vinculado a produção e circulação de mercadorias, o que requer um uso exagerado dos recursos naturais, além da capacidade que o planeta tem de oferecer tais recursos.
Toda a mercadoria é formada por materiais advindos da natureza, além disto, para que seja possível a transformação da natureza em produtos, é necessária a utilização de energia. Assim, quanto maior a quantidade de mercadorias produzidas, maior será a quantidade de produção energética que também provém da natureza. A circulação dessa mercadoria também consome mais materiais e energia. Além do mais, caso toda a população global tenha um padrão de alimentação semelhante ao realizado pelas sociedade consumistas, não teremos alimentos para todos.
Mas então, o que fazer? Manter uma classe privilegiada consumidora de mercadorias, e conseqüentemente, de recursos naturais, energia e alimentos acima da grande maioria da população global?
Algumas organizações ambientalistas dispõem na rede internacional de computadores metodologias que calculam a pegada ecológica¹ ou rastro que cada indivíduo deixa no planeta de acordo com seu estilo de vida. Estas organizações apontam que para o padrão de consumo atual da classe média brasileira (quatro integrantes na família com veículo e casa próprios), necessitaria de pelos menos, dois planetas, caso toda a população global possuísse o mesmo perfil de consumo de água, alimentos, energia, transporte e mercadorias.
Assim, uma das medidas apontadas por educadores ambientais, é a adoção de práticas simples, como a Redução, Reutilização e Reciclagem de produtos: o chamado “3R’s”. Para isto é necessário repensar e assumir novas formas de consumo, escolhendo melhor as mercadorias que utilizam menos embalagem, que são mais eficientes energeticamente, que respeitam as regras ambientais no processo produtivo, etc.
Outra medida que pode ser adotada pelos países, é o chamado “decrescimento econômico”, ou “decrescimento feliz”, que consiste em utilizar como medida de uma sociedade economicamente forte não o “PIB”, ou seja, mercadorias produzidas e comercializadas, mas sim o “bem”, que consiste em tudo que um cidadão necessita para viver feliz, independentemente se foi comprado ou produzido por sigo mesmo. Assim, a produção de subsistência, um objeto manufaturado e utilizado pelo próprio produtor também devem ser contabilizados numa economia, e mais ainda, devem ser incentivados pelo Estado, pois isto permite uma redução da utilização de recursos naturais, sejam eles na produção industrial, alimentos, transporte ou energia. Para isto é necessário uma mudança do paradigma econômico de crescimento do comércio.
Maurizio Pallante pensador e ativista italiano, diz que “Se formos capazes de colher toda a riqueza de uma relação correcta com o território, com os seus recursos, ligados a modos tradicionais de produção, nossos e vossos, podemos ter um futuro melhor, nós e vós, saindo da miséria, não porque acumulamos o máximo de dinheiro possível, mas porque conseguimos ter tudo o que nos serve para viver, sem restrições, mas também sem desperdício. Com grande respeito pelo lugar onde vivemos, com grande respeito entre nós, nas relações inter-pessoais, e com grande respeito por nós mesmos. Porque o sentido da vida não é acumular o máximo de coisas possível, mas ter relações serenas com os outros e com o lugar onde se vive”².
Assim, tanto a primeira medida, os “3R’s”, como “decrescimento feliz”, para serem finalmente aplicados, devem ser aceitos e absorvidos pelas sociedades, através da educação, protegidos por regras de Estado (Leis) que privilegiam tais opções.
No entanto, antes de qualquer medida a ser tomada é necessário pensar: quem serão as gerações futuras? Se continuarmos com grupos sociais ou países privilegiados, consumindo mais do que é possível para todos vivermos, não teremos planeta suficiente. Pois “A contradição entre o interesse individual e o interesse da comunidade é tão-somente uma das diferenças que geram comportamentos diferentes com respeito ao meio ambiente e que deram lugar à polêmica sobre a ‘Tragédia dos bens coletivos'. A moderna tecnologia, ou a ideologia produtivista que a expressa, é comumente identificada como a causa humana da atual crise ambiental. Entretanto, trata-se das manifestações mais aparentes de uma essência não tão visível, as relações sociais”³.
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¹ WWF. Qual é o tamanho da sua pegada? Em 12/12/09-19:32
² CARINI, Mário. Carta de Pallante a um amigo africano – o que é decrescimento feliz. Em 12/12/09-22:02
³ FOLADORI, Guillermo. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas-SP: EdUNICAMP, 2001.
Talvez, seja preciso primeiro pensar: Que geração é a nossa? Qual é a disposição desta geração em mudar seu estilo de vida?
ResponderExcluirO momento que a humanidade enfrenta já não permite que as escolhas por um mundo diferente sejam empurradas a uma geração futura, pois ela, se vir a existir, muito provavelmente não terá tempo suficiente para impedir que ocorram as grandes alterações naturais que mudarão nosso planeta e o nosso modo de viver nele.
Se a sustentabilidade é possível em nossa sociedade é uma pergunta para qual ainda pouco se sabe, só podemos ter certeza, da complexidade envolvida em inserir um modo sustentável de vida dentro do modelo atual de desenvolvimento.
Como você explica em seu texto, existem alguns métodos, como o do 3Rs que podem sim contribuir para uma melhoria significativa dos impactos causados ao meio ambiente por nosso padrão de vida. No entanto, estas ações tornam-se muito limitadas se não estiverem inseridas em um contexto mais global e aprofundado de mudança de paradigma.
Existem muitas idéias boas que podem ser aplicadas para transformação do nosso modo de vida em relação ao ambiente em que vivemos. A grande questão é que todas estas idéias para se tornarem ações efetivas dependem fundamentalmente de uma mudança interna na forma como o ser humano pensa e encara o mundo. Neste ponto, é onde uma educação diferenciada poderia trazer vários avanços, mas, para além disso, também faz-se necessária uma mudança na maneira como cada indivíduo sente sua relação com o mundo e sua responsabilidade para com ele.
É claro, que sugerir algo desta profundidade pode ser encarado como utopia por muitos. No entanto, momentos drásticos como este em que a humanidade se encontra, necessitam de posições revolucionárias e firmes, pois somente encarando de frente o real problema poderemos transformar o que somos e nossas atitudes.
Apesar da dificuldade que temos em visualizar um mundo transformado, é possível perceber um movimento quase imperceptível, mas crescente, de indivíduos que são transformadores ativos de suas realidades através da prática de ações mais ecológicas e sustentáveis.
É neste movimento que a sustentabilidade torna-se possível, através de gestos de solidariedade e ação para com a nossa sociedade e nosso meio. Basta olhar mais de perto, e veremos onde podemos ter exemplos práticos disso tudo, a cultura indígena é um desses lugares.
Seu texto pontua de maneira clara algumas causas relacionadas com os problemas sócio-ambientais atuais e sugere algumas possibilidades de mudança, talvez caberia, num texto sobre sustentabilidade, citar experiências de culturas que mantém uma relação sustentável e alguns projetos que tem demonstrado sucesso em ações nesse sentido?
Fica a opinião, bom trabalho!
Gostei muito do que li e a ideia é essa mesmo, uma nova postura, uma nova filosofia em prol do planeta, devemos mudar toda forma de consumo e agir com mais respeito a natureza...
ResponderExcluirEu já tenho a resposta. Se de fato as pessoas sabem o que precisam, como está escrito acima por que não praticam? parecem que são de fato ignorantes, sujeitos que ignoram os fatos que prejudicam o coletivo dentro do seu individualismo (usam o tapo olho dos equinos). Será que de fato as pessoas vão abaixar seu padrão de consumo quando o que querem é a ostentação? Joãozinho Trinta, disse, o povo gosta de luxo. Se o povo gosta de luxo, que seja dado ao povo o luxo de ver os ricos.
ResponderExcluirTodo pobre quer ser rico e possuir o que o rico tem. Mas será que o rico quer ser pobre. Como disse o sábio Pedro de Lara, tem gente que é tão pobre que só tem dinheiro. Estes pobres, por não terem nada além do dinheiro, considerando sua erudição formados nas universidades conservadoras deste país, oriundos da elite e intelectualidade da cana, do gado e da soja, vão defender os seus interesses.
Eu fico vendo esses juízes almofadinhas criando as leis deste país, pra beneficiar sua classe social. Chega de hipocrisia, todo mundo quer mesmo é consumir e consumidor virou sinônimo de cidadão, pois se consumindo se gera impostos e o Estado quer mesmo é recolher, e se não há consumo, há diminuição na arrecadação. Chega de hipocrisia, o Estado quer mesmo é que consumamos. Assim se movimenta a economia, se gera empregos e o empregado consume, pois foi submetido a uma situação de alienção pelo trabalho durante 40 horas semanais e 8 horas por dia. Trabalho alienado, consumo alienado.
Eu tenho uma ideia, as pessoas olharem para as sociedades indígenas e seguir o seu modelo de distribuição da riqueza. Pergunta, quem vai abrir mão de sua riqueza para dividir com os pobres sendo estes, os ricos, "bons cristãos"? Discurso babaca eu to cheio, por isso meu lema é, Tora Nelles!!!
Boto,..
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