O que devemos sugerir na COP (ONU)

O debate sobre o aquecimento global e conseqüentemente das mudanças climáticas, estava restrita à ambientalistas, mas atualmente consolida-se como preocupação multi-disciplinar e intergovernamental com a realização da Conferencia das Partes da ONU (COP) tendo este tema como foco.

O Brasil, sob o comando do Presidente Lula, tornou-se peça primordial neste debate, e seu posicionamento pode ser crucial para o destino das políticas globais sobre o tema, que envolve todas as áreas da ação humana, seja da economia, da ecologia ou de qualquer outra.

A seguir, elencamos alguns pontos que deveriam ser debatidos e incluídos como política de Estado em todos os países do Planeta, caso os líderes globais queiram realmente reduzir os efeitos dessa transformação do clima acentuada pela sociedade industrial-urbana contemporânea:

1. EMPREGOS VERDES
Profissões ligadas à atividades ambientais, como agricultores orgânicos, produtores florestais, recuperadores de áreas degradadas, coletores de materiais recicláveis, educadores ambientais, gestores ambientais, bioconstrutores, etc.
 
MOTIVOS: O fomento dessa nova categoria de trabalho vai garantir que surja um mercado de trabalho ambiental, colocando o meio ambiente não como ônus, mas como outro motor na geração de emprego e renda, fortalecendo a economia.
 
2. RESÍDUOS SÓLIDOS
Incentivar a redução de resíduos, desde a produção, passando pela comercialização até o consumo, através da taxação pela quantidade de resíduo gerado e divulgando as pessoas jurídicas que praticam a redução de resíduo.
 
MOTIVOS: Os maiores geradores de resíduos industriais, comerciais ou domésticos, não podem ser tratados por igual aos que procuram gerar menos resíduos, pois aqueles além de estarem utilizando mais recursos naturais, estão reduzindo o tempo útil dos aterros.

3. FISCO VERDE
Incentivar as iniciativas privadas que usam técnicas ecológicas no meio de produção através de benefícios fiscais. 

MOTIVOS: Como grande parte da utilização de tecnologias ecológicas em um primeiro momento é muito oneroso para o empresariado, incentivos fiscais podem fomentar o início até que o mercado se estabilize.
 
4. ENERGIA
Redução drástica no uso de combustíveis fósseis, investimento em produção limpa (eólica, marítima, solar) e diminuição da matriz hidrelétrica. Valorização da produção energética próxima ao local de consumo.
 
MOTIVOS: O grande vilão dos gases de efeito estufa (GEEs) é o gás carbônico (CO2), emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis como os derivados do petróleo e carvão. Pouco se têm direcionado esforços no aproveitamento das energias limpas. A transmissão da energia gerada por usinas por longas distâncias também significam impactos ambientais significativos, a geração local pode diminuir este impacto.

5. TRANSPORTE
Valorização do transporte coletivo e da bicicleta. Fomento na produção de automóveis reciclados e movidos a energia mais limpa como o hidrogênio.
 
MOTIVOS: Os veículos configuram o principal poluente urbano, que trazem consigo toda uma malha rodoviária ambientalmente problemática, assim, a valorização dos transportes ferroviário, hidroviário e da utilização de ônibus urbanos, além de melhorar a locomoção urbana e interurbana, reduz a emissão de GEEs 

6. PRODUÇÃO INDUSTRIAL ECOLÓGICA
Valorização dos processos que reduzem a utilização de matéria prima, bem como reaproveitam materiais e incluem a reciclagem no processo produtivo. Responsabilizar, ainda, a indústria com a coleta de parcela das mercadorias comercializadas quando atingirem o desuso.
 
MOTIVOS: Muitas mercadorias são produzidas com uso exagerado de matéria prima, principalmente com embalagens. A cultura do descartável acabou por gerar um número muito grande de resíduos industriais e domésticos, bem como consumir energia demasiadamente. Responsabilizar a indústria deverá trazer uma mobilização positiva na cadeia produtiva das mercadorias, em especial através dos consumidores. 

7. CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Fomento e valorização das pesquisas na área ambiental, em especial no que tange a empregos verdes, aproveitamento econômico da floresta em pé, energia limpa, transporte eficiente, etc. Com quebra de patente.

MOTIVOS: O alto nível de desenvolvimento tecnológico ligado ao uso de energias não renováveis e na geração de produtos descartáveis é a causa principal da crise ambiental. Assim, o uso desse potencial de conhecimento da humanidade deverá ser muito eficiente para o meio ambiente, e deve constituir patrimônio mundial para possibilitar que países pobres possam implantá-los. 

8. PSAs e REDDs
Implantar mecanismos de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSAs) e de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDDs) à proprietário de terras que não removem a cobertura florestal, através de incentivos tributários ou pagamentos diretos. Bem como fomentar o plantio de florestas em áreas degradadas
 
MOTIVOS: A forma mais prática de um proprietário de terra utilizar economicamente sua propriedade é através da agricultura ou pecuária. No entanto, para o planeta e para o meio ambiente local, muitas vezes é mais vantajoso que determinadas regiões do globo mantenham a cobertura florestal, assim, estes proprietários devem ser compensados financeiramente por manter a mata em pé. Bem como políticas de reflorestamento que ajudam a captar o carbono em excesso na atmosfera. 

9. PRODUTOS FLORESTAIS
Fomento de uma economia de produtos florestais, em especial aos não madeireiros, como óleos, essências, frutos, sementes, folhas, etc.
 
MOTIVOS: A falta de conhecimento do potencial que os recursos florestais podem trazer para a farmácia, a química, a alimentação, à indústria, etc. é um dos fatores que levam a derrubada da floresta e sua substituição pela agropecuária. 

10. CERTIFICAÇÃO
Controle sobre a cadeia produtiva de todas as mercadorias. 

MOTIVOS: O Estado deve ser o grande regulador e controlador de seu território e, portanto, deve garantir que as mercadorias respeitem as regras ambientais, trabalhistas e fiscais, mantendo o consumidor informado, condenando as práticas marginais. 

11. AGRICULTURA ECOLÓGICA
Fomento a técnicas agrícolas diversificadas que não utilizam agrotóxicos, transgenia, e que sejam menos nocivos aos recursos da natureza (água, solo, ar e biodiversidade).
 
MOTIVOS: A monocultura, a utilização de agrotóxicos, transgênicos, e de técnicas agressivas aos recursos naturais traz conseqüências negativas ao meio ambiente, como desertificação, assoreamento de rios, desflorestamento, aquecimento global, etc.

12. CONSUMO
Incluir a produção de bens e a economia solidária nos índices de medição econômica dos países. Fomentar o decrescimento feliz.
 
MOTIVOS: O Produto Interno Bruto (PIB) apenas contabiliza as mercadorias, ou seja, os produtos e serviços comerciados. No entanto, economias de subsistência e mercados não financeiros reduzem a utilização de recursos naturais, energéticos e transporte. Além disto, o perfil de consumo da população economicamente ativa não será possível se praticado por toda a população global, não teriam recursos suficientes para isto. 

13. SANEAMENTO BÁSICO
Coleta, tratamento e aproveitamento dos efluentes.

MOTIVOS: Os esgotos são emissores de um importante GEE, o gás meta-no (CH4), além disto, quando não coletados, trazem sérios riscos à saúde humana, poluindo os recursos hídricos. Se devidamente coletados e tratados, podem ainda, servir como fonte energética. 

14. PECUÁRIA
Reduzir a produção extensiva de bois, e fomentar a redução do consumo de carne bovina.
 
MOTIVOS: A pecuária configura-se no maior vilão brasileiro de GEEs, devido à emissão de gás metano promovida pela ruminância da boiada, somada à devastação florestal para implantação de pastos. Técnicas intensivas e orgânicas já são utilizadas em diversas partes do Brasil, e devem ser popularizadas, pois não há mais necessidade de expansão de novas pastagens. O aproveitamento das áreas já degradadas é suficiente para garantir – e ainda aumentar – a produção com qualidade, se for necessário.


Estas são algumas políticas que se promovidas por todos os países do Planeta, podem contribuir para a re-dução tanto das emissões dos gases de efeito estufa, como captá-los também. Além de trazer melhorias para o meio ambiente e para as comunidades locais e globais. Garantindo que os impactos provenientes das mudanças climáticas globais sejam, pelo menos, amenizados, já que neste momento histórico são irreversí-veis.

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