23 indicadores da biodiversidade paulistana, serviços ecossistêmicos e governança relacionada
Rodrigo Martins dos Santos
Patrícia do Prado Oliveira
APRESENTAÇÃO
A administração da cidade de São Paulo, consciente de seu relevante papel para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos em áreas urbanas, novamente apresenta contribuições para a construção de uma agenda ambiental global que busque o estabelecimento de cidades realmente sustentáveis.
A construção dos indicadores de biodiversidade, serviços ecossistêmicos e governança relacionada aqui reunidos está alinhada com a metodologia Índice de Biodiversidade da Cidade recomendada pela Convenção sobre Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas como parâmetro de medição e comparação entre diversas cidades pelo mundo.
O presente relatório apresenta dados do ano de 2022 em continuação às medições publicadas desde 2019, mantendo os resultados em escala intramunicipal, a partir da edição de 2020.
Assim, aqui está reunida parte dos esforços que a Prefeitura da Cidade de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, compromissada com as metas de Aichi e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, vem dedicando para minorar os efeitos decorrentes da mudança climática global.
O objetivo desta edição é atualizar, com dados de 2022, os indicadores de biodiversidade, serviços ecossistêmicos e governança relacionada na Cidade de São Paulo, bem como tornar possível a comparação intramunicipal e entre cidades que utilizam a mesma metodologia.
Ele foi construído seguindo a metodologia “Índice de Biodiversidade da Cidade” (City Biodiversity Index) – IBC, também conhecida como Singapore Index on Cities’ Biodiversity (CHAN et al., 2014), do qual foi realizada a tradução de cada indicador, que se encontra no item “A” (texto colorido) de cada um deles. Este índice foi adotado pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas (ONU) como um instrumento de medição e comparação da biodiversidade em cidades. A partir dele é possível compreender o estado e evolução dos indicadores para subsidiar o planejamento de estratégias para a sua conservação e recuperação.
Esse índice foi proposto em 2008 na Conferência das Partes (COP) da CDB-ONU em Bonn, Alemanha. Em 2009, foi amplamente discutido na COP que ocorreu em Curitiba, Brasil. E, em 2010, foi definitivamente adotado pela CDB na COP ocorrida em Nagoia, Japão.
Essa preocupação tornou-se evidente nos debates entre as diversas administrações de cidades pelo mundo devido ao vertiginoso crescimento da população urbana nas últimas décadas, ameaçando cada vez mais a biodiversidade do mundo. Isso coloca as administrações locais em um importante patamar para a execução de políticas ligadas à conservação. O uso efetivo da terra e o gerenciamento de ecossistemas naturais nas áreas urbanas são benéficos para os moradores e para a biodiversidade que existe dentro da cidade e no seu entorno, além de contribuir para a minimização dos impactos gerados pela emergência climática que o planeta está passando. Portanto, as cidades devem fazer parte da solução para conter a perda global de biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
É comum presumir que as áreas urbanas sejam desprovidas de flora e fauna, mas de fato, após metódicas observações, a realidade é que muitas cidades possuem uma rica biodiversidade, independentemente da localização geográfica e do clima. Os serviços ecossistêmicos que a biodiversidade urbana fornece à área local são inúmeros e muitas vezes subvalorizados. Além da estética, os ecossistemas regulam o suprimento e a qualidade da água, do ar e do solo, e moderam a temperatura ambiente. O suprimento de água é sustentado por ecossistemas naturais que armazenam e purificam a água. A vegetação urbana reabastece o oxigênio, retém o carbono, absorve a radiação solar, reduz a poluição do ar, mantém o equilíbrio hídrico e regula a temperatura da superfície nas paisagens urbanas por meio de sombreamento e evapotranspiração. Parques e áreas protegidas oferecem oportunidades recreativas e educacionais aos residentes e contribuem para a habitabilidade de uma cidade.
Nesta quarta edição do índice BIOSAMPA foram atualizados dados produzidos por diversos setores da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e seus parceiros. Todos os indicadores têm o ano de 2022 como referência.
A escolha do IBC da CDB-ONU como metodologia para a Cidade de São Paulo se deu tendo em vista que mais de 40 cidades pelo mundo já o utilizaram, como Curitiba (Brasil), Singapura (Singapura), Lisboa (Portugal), Bruxelas (Bélgica), Helsinki (Finlândia), Edmonton (Canadá), Yokohama (Japão) e Mira-Bhayander (Índia). Dessa forma, será uma oportunidade de aproximação metodológica e de diálogo entre as respectivas administrações urbanas, além do melhor entendimento da disparidade entre subprefeituras.
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