Breve histórico dos congressos anteriores, temas para o próximo e importância das metas globais de biodiversidade
Cláudio C. Maretti; Mauro Oliveira Pires; Zornitza Aguilar; Guilherme Hissa Villas Boas; Luciano Régis Cardoso; Marcos Rugnitz Tito; Paula Bueno; Erika Guimarães; Helder H. de Faria; Kátia Torres Ribeiro; Camila Rodrigues; Geraldo Majela Moraes Salvio; Sandra A. Leite; Maria Cristina Weyland Vieira; Kátia Pisciotta; Karen Mustin; Mauro G. M. Cappellaro; Carlos Hiroo Saito; Carlos Eduardo Young; Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza; Bernardo Issa de Souza; Sueli Angelo Furlan; Guillermo Estupiñán; Bruna Locardi; Bruna Lima Ferreira; Rodrigo Martins dos Santos; Maurício de Alcântara Marinho; Raul Fontoura
Em outubro de 2025, no Congresso Mundial de Conservação, organizado pela UICN, realizado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, foi anunciado o Panamá como a sede do próximo Congresso Mundial de Áreas Protegidas e Conservadas, a ser realizado em setembro de 2027.
Os eventos globais desse tema são realizados pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP) e pelo Secretariado da UICN em intervalos aproximados de dez anos, desde a década de 1960. O último ocorreu em 2014, em Sidney, na Austrália.
Assim, 35 anos depois de Caracas, em 1992, a América Latina volta a receber especialistas e interessados nesse assunto de todo o mundo.
As primeiras reflexões e propostas sobre o conteúdo temático para o próximo congresso já foram preparadas e apresentadas, em oficina internacional ocorrida no final de julho deste ano, na ilha de Vilm, norte da Alemanha. (Na qual autor principal participou.) Reflexões significativas levaram às questões sobre como promover a melhor conservação da natureza possível em um mundo repleto de incertezas quanto ao futuro, como ampliar a conservação eficaz de forma sustentável e como garantir direitos e fomentar maior envolvimento da sociedade nessa conservação. A partir dessas questões centrais, os resultados dessa oficina indicaram três eixos temáticos para o próximo congresso mundial, disponibilizados no artigo recentemente publicado: “Protected and conserved areas in a changing world: Key themes for a global response”. Indicamos, a seguir os eixos de forma resumida:
- Mudanças globais e biodiversidade: oportunidades e ameaças para áreas protegidas e conservadas (APCs);
- Ampliação da conservação eficaz: garantir os avanços e catalisar as ações para ampliação da escala de forma sustentável; e
- Conservação e pessoas: direitos, responsabilidades e relacionamentos (das sociedades com a natureza) em um mundo em mudança.
Assim, para uma atualização dos conceitos e práticas nacionais, regionais e internacionais, há que se considerar várias frentes de atuação ou de interesse, tais como áreas conservadas urbanas, promoção da saúde e bem-estar, omecs, governança por comunidades tradicionais e povos indígenas, mecanismos financeiros que valorizam e reconhecem a sociobiodiversidade, áreas protegidas e conservadas marinhas, zonas transfronteiriças, eficácia de gestão, parcerias entre as esferas pública e privada, governança equitativa, recuperação ecológica, territórios indígenas e tradicionais, sistemas de áreas protegidas e conservadas, e a gestão integrada de regiões, entre muitos outros.
Na atualidade, os desafios são cada vez mais numerosos, amplos e complexos: mudanças climáticas; crises econômicas; instabilidades políticas; mudanças em políticas públicas; disputa econômica por recursos naturais; e assim por diante. Dessa forma, considera-se cada vez mais importante a diversidade das áreas protegidas e conservadas para a resiliência ecológica, social e política de suas redes e sistemas.
Historicamente as áreas protegidas e conservadas vêm sendo progressivamente ressignificadas, à luz das diversidades contextuais, evoluções históricas e especificidades regionais. Assim, considerando também os TITs e as atividades tradicionais, as APCs vêm se demonstrando claramente como os mecanismos dos mais eficazes para a conservação da natureza e a viabilização do acesso aos seus benefícios.
É a partir desse contexto que buscamos nos preparar para o próximo Congresso Mundial de Áreas Protegidas e Conservadas! Para isso planejamos desenvolver uma série de artigos de difusão, para os quais convidamos a colaborar especialistas, gestores, lideranças indígenas e comunitárias, representantes do setor privado, da sociedade civil, do Brasil e de outros países latino-americanos. Nosso objetivo é estimular trocas de conhecimentos e experiências, bem como contribuir para a construção de posições críticas e propositivas do Brasil sobre os rumos da conservação global a partir das áreas protegidas e conservadas. Colabore, proponha, participe!
O Brasil tem muito a mostrar, muito a cooperar e muito a aprender, para alcançar no país e promover na região e no mundo, resultados mais eficazes, equitativos e duradouros.
E no caminho do Panamá, temos o XII Seminário Brasileiro e o VII Encontro Latino-Americano sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social (XII Sapis e VII Elapis), que ocorrerá de 18 a 22 de maio de 2026, na Universidade de Brasília (UnB)! Esse será um momento mais do que oportuno para debatermos temas recorrentes na agenda da conservação e da inclusão, com possibilidade de incluirmos temáticas mais contemporâneas que ainda estão em desenvolvimento, como, por exemplo, as omecs, a justiça ambiental, dentre outras.
Vamos, juntos, nos preparar e avançar para o próximo Congresso Mundial de Áreas Protegidas e Conservadas, no Panamá, em setembro de 2027!
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