Índice Biosampa 2020

23 indicadores da biodiversidade paulistana, serviços ecossistêmicos e governança relacionada


Às vésperas da COP-26, conferência mundial que discute os impactos e as formas de mitigar os problemas relacionados às mudanças climáticas, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente lança a segunda edição de um material com dados e contribuições para conservação da biodiversidade da nossa capital.



O Biosampa 2020 atualiza informações relevantes e apresenta 23 indicadores da biodiversidade paulistana, serviços ecossistêmicos e governança relacionada à construção de uma agenda ambiental para uma São Paulo mais sustentável. O documento também torna possível a comparação entre municípios que utilizam a mesma metodologia, internacionalmente reconhecida como Índice de Biodiversidade da Cidade e adotada pela Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU (Organização das Nações Unidas). 

Este ano, a publicação apresenta uma novidade, os indicadores também foram produzidos para cada subprefeitura, o que torna possível a comparação da dinâmica e performance interna do município no que tange a biodiversidade e serviços ecossistêmicos.


A ferramenta é utilizada em mais de 40 importantes cidades ao redor do mundo e a partir dela é possível compreender o estado e a evolução dos indicadores para subsidiar o planejamento de estratégias para a conservação e recuperação ambiental. O índice foi proposto em 2008 na COP em Bonn, na Alemanha, amplamente discutido no ano seguinte na COP de Curitiba e reconhecido a partir de 2010 na COP ocorrida em Nagoia, no Japão.

O crescimento da população urbana nas últimas décadas torna necessário o debate entre as administrações para políticas ligadas à conservação da biodiversidade. O uso efetivo da terra e o gerenciamento de ecossistemas naturais nas áreas urbanas contribuem para a redução de impactos gerados pela emergência climática do planeta e colocam as cidades como protagonistas para conter os danos de fauna e flora.

Com exceção do mapeamento da vegetação, alusivo a 2017, todos os indicadores desta segunda edição do Biosampa têm o ano de 2020 como referência. Além disso, alguns dos resultados sofreram impacto do isolamento social decorrido da pandemia do novo coronavírus.

O relatório, na sua primeira parte, contém o perfil da cidade com informações qualitativamente relevantes sobre a biodiversidade e como áreas naturais são protegidas; na segunda parte, traz o detalhamento dos indicadores, agrupados em Biodiversidade Nativa da Cidade, Serviços Ecossistêmicos Providos pela Biodiversidade e Governança e Gestão da Biodiversidade.

Confira a seguir quais são os indicadores:




Clique aqui para baixar a publicação do Biosampa 2020.

 
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Material técnico que contou com a coordenação técnica de Rodrigo Martins dos Santos quando ocupava cargo de Diretor da Divisão de Patrimônio Ambiental da SVMA. Por ser material de caráter público não sigiloso, sua divulgação é garantida pela Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação).

Indígenas de Goiás na visão de Saint-Hilaire


No presente texto, busco analisar os registros do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire a respeito dos povos originários que viviam na então capitania de Goyaz no ano de 1819.

As bases epistemológicas do presente capítulo são inspiradas nas ideias das epistemologias do sul em Sousa Santos e Meneses (2010), que questionam a superioridade cultural do norte global e buscam dar visibilidade às culturas ausentes ou desdenhadas nas narrativas históricas estabelecidas por aqueles que invadiram territórios ou escravizaram povos para fi ns de se estabelecerem no topo do domínio econômico, social e cultural do mundo.

Assim, inicio o presente capítulo retratando o quadro dos povos indígenas visitados pelo referido explorador francês com uma análise sobre a resistência desses povos em relação aos invasores luso-brasileiros. Logo após, são retratados os aldeamentos (reduções ou presídios) indígenas visitados pelo viajante oitocentista, seguidos por análises sobre suas opiniões quanto ao regime sob o qual os nativos foram submetidos. Por fi m, as impressões de Saint-Hilaire em seus encontros com os povos originários em Goiás são analisadas.

O texto participa, portanto, da ideia de descolonização do pensamento latino-americano (Quijano, 2000), que busca dar visibilidade e voz, por meio de um viés decolonizante, às identidades latino-americanas marginalizadas pela cultura dominante, eurocentrista. Isso, sobretudo, em relação aos povos originários de Abya Yala, como é chamado o continente americano pelos povos nativos (Declaración de Kito, 2004).

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Considerações Finais

Como vimos, a realidade dos povos originários em Goiás no momento da passagem do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire era dramática. Depois de 150 anos das primeiras invasões luso-brasileiras naqueles territórios no século XVII, suas condições de vida foram se deteriorando ano após ano, chegando ao ponto de o referido explorador prognosticar a eliminação total desses povos em pouco tempo.

Entrementes, o que vemos atualmente é um singelo fortalecimento da identidade e territorialidade indígena no país. Os poucos que sobreviveram ao genocídio e ao etnocídio, às duras custas, lutam pela garantia de sua sobrevivência enquanto povo etnicamente estabelecido, cujas raízes estão fincadasno solo de Abya Yala desde tempos pré-cabralinos.

A luta destes povos não acabou, e atualmente o avanço para o oeste da frente invasora retoma seu vigor mais forte do que nunca, na figura do mais cruel e arcaico agronegócio: desmatador, latifundiário, monoculturista e agrointoxicado. Entorpecidos por um suposto progresso que nunca vem, eles tentam a todo o custo esbulhar e desmatar os territórios indígenas, e transformar essas pessoas em mais lenha para sua fogueira, alimentada pela obsessiva privatização e destruição da natureza. Nada muito diferente dos tempos de Saint-Hilaire (1848, p. 293-294), que tomou partido em um dos lados da história:

Não nos devemos pois, admirar de que os portugueses (...) invejassem a terra dos índios; mas fi ca-se com o coração apertado quando se pensa em que não se quer deixar, sequer, algumas léguas, a esses que foram, ainda a tão pouco tempo, os senhores de toda a América.

Esse último excerto do naturalista que exponho aqui demonstra que esta luta não é só dos povos originários, mas de todos aqueles que prezam pela existência da maior riqueza que temos no planeta: a vida, diversa, bioculturalmente.



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(Disponível apenas na versão impressa)

Capítulo de Rodrigo Martins dos Santos publicado entre as páginas 247e 265 da obra BARBO, Lenora (org). Uma viagem pelo sertão: 200 anos de Saint-Hilaire em Goiás. Jundiái-SP: Paco, 2021.


Diáspora y migraciones de grupos indígenas de Brasil Central (de 1700 a 1900 AD)

Este texto presenta la diversidad multiétnica que existió en las tierras altas centrales de Brasil y las áreas circundantes. Para lograr esto, se recopiló información de etnocartografía, mapas históricos producidos durante los siglos XVIII y XIX, y el mapeo de datos históricos cualitativos que no habían sido mapeados anteriormente. La metodologí a se basa en la antropogeografí a de Ratzel (1909). El mapa final se ubica en el apéndice.

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Conclusión

Este documento buscaba presentar la diversidad multiétnica que existía en las tierras altas centrales de Brasil y las áreas circundantes. En total, se identificaron 200 grupos que vivieron dentro de la región, de los cuales 112 ya estaban contenidos en el mapa de Nimuendaju. Entre los 88 agregados, 61 se identificaron en el mapa de Loukotka, mientras que 22 se localizaron a partir de la base de datos IBGE Cidades, y cinco se encontraron en ambas fuentes.

Esta investigación identificó 509 lugares donde se encontraban estos grupos étnicos, en los cuales 208 ya se mostraban en el mapa de Nimuendaju. Los otros 301 sitios se extrajeron de la siguiente manera: 154 del mapa de Loukotka, 139 de la base de datos IBGE Cidades y ocho tomados de mapas históricos, archivados en bibliotecas portuguesas y brasileñas. Ver el apéndice.

Actualmente, los pocos pueblos indígenas del bioma del Cerrado (sabana brasileña) están atrapados en pequeños fragmentos de biomas nativos que aún permanecen. Con el avance del monocultivo (soja, eucalipto y ganado) sobre estas áreas, seguramente desaparecerán, y con ellos un conocimiento que se originó hace más de 10 000 años en esta parte del mundo. Para evitar esto, es necesario idear estrategias para rescatar y mejorar el patrimonio cultural y natural del bioma del Cerrado, creando áreas protegidas y fomentando proyectos de recuperación etnoambiental, incluyendo a los pueblos indígenas como fuentes de información y como agentes en esta conservación. La educación etnohistórica de los niños no-indígenas es fundamental para revertir este proceso.



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(Disponível apenas na versão impressa)

Capítulo de Rodrigo Martins dos Santos publicado entre as páginas 348 e 354 da obra Debates actuales de la geografía latinoamericana: visiones desde el XVII Encuentro de Geógrafos de América Latina.  Coordenação Patrícia Polo-Almeida; Andra Carrión; María Fernanda López-Sandoval. Edição Associación Geográfica del Ecuador, Quito, 2019.